quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Auto em Cordel

Juscineide de Jesus Nascimento,
 discente do curso de Letras Vernáculas da Universidade do Estado da Bahia

De enredo muito simples, o teatro de Ariano Suassuna apresenta personagens que ilustram a sociedade da época, acompanhados de críticas, humor e criatividade. Entusiasmados com esse tipo de literatura que é o Cordel, e como novos admiradores das obras deste tão renomado autor, os discentes do Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas 2010.1 da Universidade do Estado da Bahia, demonstraram grande interesse na construção da releitura do Auto da Compadecida.
É interessante destacar o sentimento de curiosidade, participação e empenho que os alunos demonstraram ao trabalhar na reapresentação desta obra. Alguns já estavam conscientes, outros ainda eram leigos no que se diz respeito á importância deste gênero narrativo para o desenvolvimento cultural do Recôncavo Baiano; a turma se dispôs a estudar desde o contexto histórico até a criação da peça.
A literatura de Cordel é um tipo de poesia popular, oral, que ao longo do tempo ganhou espaço e passou a ser impressa em folhetos rústicos. Incluem fatos do cotidiano, episódios históricos e lendas; o uso de uma linguagem variada para abordar as diversas temáticas, foi o ponto principal para se despertar o interesse em trabalhar com essa categoria literária.
Tudo começou com as aulas do Componente Curricular Leitura e Produção de Textos, sob orientação metodológica da Docente, Jornalista e Mestre em Comunicação Cláudia A. de Lima. Á princípio foi requisitado aos alunos à produção de um texto descritivo, no qual eles deveriam relatar em detalhes as principais características que definiria um dos personagens de O Auto da Compadecida.
Passada essa primeira etapa da construção textual, demos continuidade ao trabalho escolhendo uma forma de recontar a história criada por Ariano. Foi dada a liberdade para os discentes usarem variados meios de elaboração, dos resultados obtidos criaram uma rádio novela, historinhas com fantoches, peça teatral, jornal dramatizado e apresentação de um purgatório moderno. O que mais chamou a atenção é que, apesar dos alunos estarem divididos em diferentes equipes, a maioria dos trabalhos acabou tomando um mesmo rumo: o uso do Cordel para expor suas criatividades.
Retomando o trabalho com a turma durante o semestre seguinte, já ministrando outro componente curricular, desta vez Estudos dos Textos Populares; a Professora Cláudia Lima nos conduziu á uma produção mais aguçada, nos fazendo conhecer mais profundamente sobre a literatura de Cordel. Remetendo ao resultado final que foi a apresentação teatral com todas as produções dos alunos organizadas em um único texto, sob direção de Vanilda Pereira e Rebeca Sazai (discentes do curso de letras vernáculas) que se incumbiram de reorganizar o trabalho construído por toda a turma.
A encenação ocorreu no mês de abril do ano em curso, no Auditório da instituição, aberto para todo o público acadêmico do Campus V da UNEB e demais convidados. Apesar de não seguir um sistema de versificação de linguagem provenientes aos poetas renomados, O Auto em Cordel proporcionou uma oportunidade de demonstrar a capacidade intelectual e criativa dos alunos de Letras.
Muitos dos que estavam presentes para prestigiar a peça ficaram surpresos com a junção do Cordel “uma literatura popular” junto ao uso de recursos digitais mostrados em cena. No trecho que retrata o diálogo entre a Compadecida, João Grilo, Jesus Cristo e o Encourado; usou-se da tecnologia como fonte de criação. A conversa passava em um cyber e os personagens estavam conectados através do MSN.
Baseando-se na ideia da forte influência dos recursos tecnológicos, principalmente da internet como um dos principais meios de comunicação utilizados atualmente, propõe-se demonstrar de forma sistemática a importância do avanço digital nas diversas formas de se narrar uma história. Além de serem vistos como uma forte ferramenta pedagógica, por meio de sua postura interdisciplinar.
Contamos ainda com a participação e apoio do discente Manoel, do curso de Letras com Espanhol, retratando com muito humor e talento o personagem Chicó. Sem perder o foco principal de retratar a obra de Suassuna, e aproveitando o ensejo para homenageá-lo; os alunos se aprofundaram em pesquisar as influências deste subgênero, trazendo para o palco características marcantes do texto original. Entre elas:
ü Figurino á caráter.
ü Personagens com as mesmas nominações.
ü Cenário retratando a época e o local em que acontece o enredo.
ü Trilha sonora usada no filme O Auto da Compadecida, em que traz como atores principais: Fernanda Montenegro, Selton Mello e Matheus Nachtergaele.
ü E os Cordéis com o texto que estava sendo apresentado, pendurados em um cordão como manda a tradição.
Satisfeitos com a concretização do trabalho, os alunos entraram em cena mostrando o melhor de si. Após os aplausos e agradecimentos foi pedido para que voltassem ao palco e fizessem uma reapresentação, pois o público queria de deliciar por mais alguns instantes com a nova versão desta grandiosíssima trama através deste momento de cultura e entretenimento.
 Não só para trazer o sorriso ao público, mas principalmente para poder divulgar e desenvolver o gosto e o conhecimento pela literatura de Cordel, que os novos Narradores do Recôncavo se dispuseram a realizar este trabalho.
Se nos perguntarem o porquê desta inovadora criação, certamente faltarão palavras para expressar tudo àquilo que idealizamos, então, só nos resta responder como Chicó responderia: “Não sei, só sei que foi assim...”.

   

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Releitura do Auto da Compadecida

"Releitura da Obra Auto da Compadecida de Ariano Suassuna, realizada pelos discentes da UNEB, Universidade do Estado da Bahia, Campus V, do curso de Letras Vernáculas 2010.1, que é resultado de uma experiência de ensino da Língua Portuguesa a apartir do genêro narrativo durante atividades dos Componentes Leitura e Produção de Texto e Estudos de Textos Populares."




O Auto em Cordel


A Literatura de cordel é uma comunicação popular, que aborda fatos do dia-a-dia das pessoas e retrata aspectos linguísticos e culturais de determinada região, propagando aspestos folclóricos, costumes, presonagens, crenças, fábulas, histórias e tradições. Este possui um sistema de versificação de Linguagem medida, particular a um poeta experiente, cuja contagem das sílabas obedece a padrões prefixados, e as palavras se juntam em número conhecido por pés, que é a sílaba métrica.
 Em uma análise superficial do Auto em Cordel, tais padrões não são atendidos na totalidade, porém há um emprego de uma métrica mesclada, da rima e das características deste subgenêro narrativo. Evidencia ainda a comunhão de maneira dialógica do tradicionalismo, com as novas formas de expressão, e principalmente do uso de estruturas e elementos típicos da oralidade, que algumas vezes podem ser percebidos ou não pelos alunos.
Ao utilizar o cordel para realizar a releitura do Auto da Compadecida, escrita em 1955, os alunos revisitaram as influências deste subgenêro na obra de Ariano Suassuna, renomado escritor paraibano, radicado em Recife, que utiliza diferentes manifestações populares como (cordel, bumba-meu-boi, mamulengo) em combinação com o texto erudito com forte influência de Cervantes, Moliére, Gil Vicente, Shakespeare e até da Bíblia, com grafia, correção gramatical e estilística dentro dos "padrões" clássicos. Praticando, assim, a intertextualidade ou o entrecruzamento de textos, adaptando várias obras populares (do cordel ao teatro europeu, principalmente da obra de Gil Vicente - Auto da Barca do Inferno), que era prática comum desde a Idade Média.

Esta prática Suassuna adota também na escritura do texto da Compadecida, que se baseia em três folhetos de cordéis distintios, dois deles de autoria do cordelista também paraibano radicado em Recife, Leandro Gomes de Barros ( O cavalo que Defecava Dinheiro e O Dinheiro - O Testamento do Cachorro). Este último, segundo Ariano Suassuna, é um conto popular de origem moura e passado, com os árabes, do Norte da África para a Península Ibérica, de onde emigrou para o Nordeste, aqui chegou e encontro geniais multiplicadores.
A cena de um "juízo final" (juiz-acusador-defensor-réu) é uma constante em suas peças, é o que ocorre cn última parte do Auto, que tem por base o folheto O castigo da Soberba, de autoria desconehcida. Tais elementos são encontrados no Auto em Cordel, com um toque de humor no estilo desta geração de escritores cujas narrativas estão impregnadas da linguagem sudivisual e digital, como o trecho do diálogo entre, João Grilo, Jesus, Maria e o Diabo por meio do orkut.
Desta feita nascem aqui os atuais Narradores do Recôncavo da Bahia!

Cláudia Albuquerque de Lima.


O AUTO EM CORDEL


Eta! Chicó, Santo Antônio está em pavorosa
os homens metidos a bacana
e as mulheres toda prosa.
Com a chegada de um ilustre escritor,
autor de belíssimas obras,
a cidade fica animada e as moças fogosas.

É, meu camarada, Santo Antônio
tem animação.
Onde Ariano chega, traz muita satisfação.
Eu me lembro que certa vez
lá pro lado do Chapadão
quando ele chegou,
até defunto levantou do caixão.

Chapadão, Chicó? Pra que lado fica?
Defunto levantando do caixão?
Vê se me explica?
Você e suas lorotas,
inventa muitas coisas esquisitas.
Mexer com coisa do além,
aí a coisa complica.

Chapadão fica entre Chapada e Taperoá
E tudo isso aconteceu, pode acreditar.
Contam que no velório o povo falava
da chegada de Ariano,
foi justamente nessa hora
que o dito cujo levantou gritando.

Vamos mudar de assunto
Tenho coisas pra fazer
Não quero saber de caso de presunto,
isso é problema pro cabrunco resolver.
Vou cuidar da minha vida,
pois não tenho tempo a perder.

Então vamos pra padaria
que tem muito pão pra fazer.
Na cidade tem folia
e eu quero ter o prazer
de sair com a Rosinha
sem o pai dela perceber.

Eu vou para outros cantos,
não quero trabalhar hoje não.
Vou vê se engano um otário
na  minha nova armação
Vendo chiclete de bolinha
Que na verdade é sabão.

João Grilo vai para outro lugar e Chicó entra na padaria.
E na cidade duas vizinhas conversam. 

Dia, cumade! Tu tá vendo que agonia
os cangaceiros viraram a peste
aqui pra lado da Bahia.
Estão invadindo as casas
Fazendo destruição.
Esses filhos da peste merecem vela e caixão.

Ô cumade! Não fale assim não.
O comandante dos cangaceiros
é o pobre Severino
que perdeu os pais ainda menino.
Assistiu o assassinato
ficou revoltado e com um espírito maligno.
Enterrou os pais! Que corajoso esse menino!

Realmente a história é triste,
mas não tem justificativa.
Ele apagar suas mágoas
tirando outras vidas.
Se paga mal com o bem
eu já li isso na Bíblia.

Péra ai, cumade! Presta atenção!
o jornaleiro anuncia nova invasão.
Falam que Severino está perto da cidade;
e por onde passou deixou
um rastrode maldade
matou muitos incentes
com requinte de crueldade.

REPENTE:

Meu caro leitor, não perca este jornal
as notícias são extraordinárias
os fatos são reais.
Os cangaceiros, filhos da peste,
destruíram centenas de arraiais.

Meu amigo jornaleiro,
tenha criatividade
de narrar os fatos reais
não faltar com a verdade.
As suas notícias estão
aterrorizando toda cidade.

Pode acreditar em tudo
que estou falando,
os cangaceiros destroem
tudo por onde vão passando.
Não sobra panela de barro
nem travesseiro de pano.

Xi! Cumade Joana!
Veja que situação!
As pequenas cidades com tamanha aflição.
Os delegados das cidades têm medo
de sapo, largatixa e sardão.
Se nossa cidade for invadida, só Cristo é a
salvação.

Vou correr pra dentro de casa
e me tocar embaixo da cama,
pois já estou com dor de barriga
e não vou ficar na rua
tirando onda de valentona.

João Grilo aparece e a cidade está deserta.
Todos estão escondidos temendo a invasão.


Nossa, que calmaria!
E não faz nem dois dias
que fui para a cidade vizinha.
Não posso tirar nem uma folguinha?
Veja que situação!
Santo Antônio sem grilo, não tem
animação.

Eu não vou ficar aqui,
neste cemitério.
Vou para Nazaré enganar alguns velhos.
Essas coisas de armação
é trabalho que levo a sério.

Tô ouvindo um barulho
de cavalo e carroça.
Será a comitiva de Ariano
chegando nessa roça?
Vou ficar esperando, que a coisa por aqui,
será mais prazerosa.

Cheguei a Santo Antônio;
depois de longa viagem.
A cidade está deserta!
Que grande sacanagem!
Isso é coisa de jornaleiro
que denucia minhas atrocidades.

E tu, amarelo,
onde pensa que vai?
Vou te mandar para o inferno
fazer uma visita a satanás.
Afinal, viagem perdida
Severino não faz.

Calma seu Severino!
Tenha de mim compaixão,
sou um amarelo franzino,
indefeso e sem noção.
Estou ameaçado de morte
por vender chiclete de sabão.

Cabra da peste malvado,
não deve ter pena de ti.
Vá visitar o diabo!
Eu já vou partir
seu cabra safado
este é teu fim!

O cangaceiro atira em João Grilo.

Vamos embora desta cidade,
que sinto cheiro de armação.
Não vejo um pé de pessoa,
essa cidade é do cão.
Uma cidade deserta?
Nunca vi isso não!

João Grilo morre e vai para no Purgatório.

Onde estou? Não sei.
Só sei que é animado,
estou vendo um cyber.
Meus problemas serão solucionados,
me comunico com Chicó,
não ficarei apertado.

Onde achas que vai,
Alma nova sem noção?
Não queira complicar
meu trabalho, caro sacristão.
No purgatório tem uma regra,
não crie confusão.

Purgatório, meu Deus!
Onde estou nesse momento?
Eu queria voltar pra terra
e sair desse atormento.
Ainda tenho muito pra viver.
Não aceito esse mandamento.

Foi por causa de almas como a sua
que o purgatório resolveu inovar
espalhando computadores
pra as almas se comunicar.
Acessando Jesus Cristo
poderá se confessar.

Então quero acessar Jesus Cristo,
pois quero uma solução.
Quero voltar para a terra.
Não fico aqui não.
Sou muito atrapalhado,
com certeza vou arrumar confusão.

Jesus te peço uma chance
para a terra voltar.
Tenho muito pra viver,
quero voltar a trabalhar.
Chicó precisa de mim,
tenho que lhe ajudar.

Não pense, cabra safado,
que você vai ser julgado.
Jesus não está aqui.
Você vai ser condenado.
Estou louco pra te levar para o inferno,
seu amarelo azarado.

Seu filho de chocadeira,
catimbozeiro, desgraçado,
roubou a senha de Jesus
pro povo ser maltratado
e levado pro inferno
pra ser espetado.

Valei-me nossa senhora. com,
quero lhe informar
que o catimbozeiro do diabo
por Jesus quer se passar.
Enganando os pobres coitados
para o inferno levar.

João, não é que eu
também falava com o diabo
pensando que era meu filho!
Ah! excomungado!
Avisarei a Jesus,
vou deixá-lo alertado.

João eu quero levar,
por ser um amarelo mentiroso
que só quer enganar.
Enganou o Bispo, o Padre,
também a mulher do padeiro.
E armou uma cilada
para o pobre cangaceiro.

João, o Diabo tem razão,
isso não posso negar.
Você é mentiroso gosta de enganar,
brinca com as pessoas,
não gosta de trabalhar
Por esse motivo vou ter que te condenar.

Senhor Jesus Cristo,
isso não vou aceitar
pra chama do inferno
o Diabo não me levará
vou apelar pra Compadecida
para ela me ajudar.

Jesus, meu filho,
João é um sofredor.
Vivia na terra seca
onde só faz calor.
Acostumou-se a pouco pão
e a viver em opressão.

Minha mãe, eu não tenho solução,
por seu bom coração
o purgatório está lotado.
Cada vez chega mais um
pra ser julgado.
João tem que ser condenado!

Meu filho, por favor!
tenha pena desse sofredor,
lhe dê apenas uma chance
pra mostrar o valor.
Que ele volte para terra
e recomece de onde parou.

Lá vem a Compadecida!
Em tudo quer se meter
atrapalhando meus negócios.
O que é que eu vou fazer 
se o inferno ficar vazio?
Do que é que vou viver?

Obrigado, Nossa Senhora,
você que me valeu,
das artimanhas desse catimbozeiro
você me defendeu.
Agora volto pra terra,
prometo me comportar.
Mas como a carne é fraca,
pelo menos vou tentar. 

Com essa inovação
não vai dar certo não.
O Diabo se passando por Jesus
virou esculhambação.
Vamos voltar pro que era antes.
Chega de modernização!

Enquanto Grilo ainda faz a viagem de volta
Chicó dá por falta do companheiro.

Valei-me minha Nossa Senhora
o grilo desapareceu!
Ninguém sabe, ninguém viu,
O que foi que aconteceu?

Calma, Chicó! Deixe de agonia.
O Grilo deve ter ido
trabalhar lá na padaria,
venha deitar aqui comigo
que começa a alegria.

Dora, deixe de assanhamento.
Se o Grilo foi sequetrado
igualzinho ao meu jumento
que só foi libertado quando
paguei um mil e quinhento.

Xi! Coitado de João!
Quem é que vai pagar
a fiança daquele pobretão?
Se depender de mim,
não acha nem um tostão.
E se foi sequestrado pode
encomendar o caixão.

Sua mulher desalmada,
tem pedra em vez de coração?
não tá vendo minha tristeza?
Ô natureza do cão!
Tu sabe que o Grilo
para mim é um irmão.

Que tu era uma besta
isso  eu já sabia;
só não fazia idéia da dimensão.
Quem é que vai sequestrar
um diabo como o João?

Vou na casa de dona Maria
que tudo sabe e tudo vê.
Quem sabe não me dá uma dica,
como devo proceder.
Se ela não me der a solução
pego a estrada ao amanhecer.

Vai embora, abestado
procurar o teu João.
Tomara que teja no inferno
limpando o chifre do cão!

Chicó sai para ir à casa de Dona Maria.

Dona Maria da língua nada curta
me informe onde tá João.
O amarelo desapareceu
e não deixou satisfação.

Menino sem juízo,
onde foi que já se viu
eu poder dar conta
de quem sumiu?
Vai rezar pra Jesus Cristo
pra te tirar desse aperrio.

João deve ter ido
onde ninguém há de imaginar.
Quem sabe não foi pra Bahia
levar flor pra Iemanjá.
Daquele maluco aloprado
nada pode se duvidar.

Vou ao jornaleiro
informar o sumiço de João
para ele narrar a história
da minha consumição,
pois o Grilo é para mim como um irmão.

Seu jornaleiro, tenho
muito pra lhe contar!
Estou aperreado e
não tem canto que não vá.
Já procuro por João há dias
e nada de encontrar!

Calma, camarada!
Vou fazer o que tem me pedido,
vou narrar a história
de seu estimado amigo.

Peço que meus leitores
prestem muita atenção,
pois agora vou relatar
a história de João.
Um matuto, amarelo
que adora confusão.

João Grilo vivia
na cidade de Taperoá
desde sua juventude,
ali foi se abrigar.
Sobre sua infância,
não tem muito o que contar.

Não se sabe ao certo
onde João nasceu,
nem sobre sua mãe
o que foi que sucedeu,
Só se sabe que Chicó
é um grande amigo seu.

Mas, o que interessa,
é a história do sumiço
daquele atrapalhado,
que na cidade causa reboliço.
Quem tiver notícia,
comunique a seu amigo.

Encontrei bem distante daqui
um amarelo franzino,
cheio de prosa e assanhado,
dizendo que ia com Severino
pro lado do cerrado.

Assanhado é tua avó,
seu coqueiro rabugento.
Eu tava disfarçado
escondido aqui todo momento.
Seu cabrunco dos infernos,
vê se toma tento.

Viva Jesus Cristo!
Tu tava aí todo momento.
Grilo sem vergonha
não viu meu tormento?

Deixa de ser abestado,
preste muita atenção:
tu acha que eu ia embora
sem comunicar ao meu irmão?

Como seria Santo Antônio
sem o querido João?
Pode ter certeza
não teria animação
vamos festejar
o retorno de João!




Turma - Letras Vernáculas 2010.1
UNEB/ Campus V

Adriana Passos de Jesus
Antonio de Souza Alves de Araújo
Bianca Jesus Caldas Santos
Carlos Alberto Lima Barreto
Danúbia dos Santos de Santana Oliveira
Darlani Coutinho Santos
Ediêda Oliveira Sales
Elaine Bitencourt Couto
Fernanda Santos
Jeane dos Santos
Jocelma Andrade Santos
Joelma Sena Gomes
Juscineide de Jesus Nascimento
Liliane Barbosa dos Santos
Martha Israelle Reis Santana
Ravena de Oliveira Santos
Rebeca Sazai dos Santos
Reinanda Queise Bispo da Silva
Ruth Inês Carneiro de Oliveira Almeida
Silvana dos Santos Vilas Boas Braz
Vanilda Pereira dos Santos